Onde está a felicidade?
Certo dia, perguntaram-me se estava feliz. Na hora, confesso que gelei dos pés à cabeça. Não conseguia, não tolerava ter que admitir que muito embora soubesse a resposta, jamais saberia se estou dizendo a verdade ou apenas engoliria mais um suspiro.
Rapidamente pus-me a pensar: “Onde está a minha felicidade?” Abominava a verdade mais singela e sublime. Tenho medo de ser feliz. Medo de ser. E não, não é como se em outrora não tenha sido feliz. Em outro momento, outra vida. No entanto pra mim, felicidade é muito mais do que estar feliz. Muito mais do que o encontro de almas gêmeas. Felicidade estar no ser. No estado de urgência de alguém que procura inevitavelmente o pertencimento. Felicidade está para os que buscam em suas memórias o significado de continuar remando sob um oceano, mesmo que não haja mais mar.
Talvez seja por isso que não saiba onde está minha felicidade,onde a deixei. Não posso estar em um oceano onde não há marinheiro. Onde todas as minhas forças são como um navio naufragando. Decaindo.
Não ter felicidade é como fome, arde a alma. Dói o peito. A realidade é que ninguém a tem por completo na alma. Todos temos fome, eu tenho fome. Mas nem sempre posso tê-la.
Se eu ao menos pudesse tocar a felicidade , talvez assim soubesse onde posso encontrá-la dentro de mim. Onde a deixei. Se a deixei no coração de outro alguém , em uma carta de amor,na despedida. Talvez eu demore, mas vou encontrá-la. Talvez ela esteja nos versos de um poema, no abraço, na saudade… Quem sabe um dia eu descubra, mas até lá, não quero desistir, não posso.