Minha Juventude Foi Uma Canção

Minha juventude foi uma tempestade,

Ventos uivando, trovões no ar,

Fiquei abrigado na cabana do temor,

Enquanto o mundo rugia a me chamar.

Minha juventude foi um Carnaval,

Cores, danças, risos no ar,

Mas fiquei preso no templo da religião,

Cadeias invisíveis a me amarrar.

O templo era alto, suas paredes frias,

Ecos de preces que não soube escutar,

Eram vozes que diziam: "Espere, confie",

Enquanto a vida passava a apitar.

Ela passou diante dos meus olhos,

Como um trem noturno a apitar,

Só percebi quando o tempo a roubou,

E já não havia mais como voltar.

Minha juventude foi um bilhete premiado,

Da mega sena,

Mas eu deixei o prazo passar,

E o prêmio se perdeu no mar.

Agora olho pra trás, vejo o que ficou,

Memórias que o vento não levou,

A tempestade, o Carnaval, o temor,

E o bilhete que nunca vou cobrar.

Mas a vida segue, como uma canção,

Cada verso um novo caminho a trilhar,

E mesmo que o tempo não volte atrás,

Ainda há estrelas pra me guiar.

Elas brilham no céu, frias e distantes,

Mas suas luzes são faróis a clarear,

Não são respostas, apenas lampejos,

De que ainda há tempo pra sonhar.

Minha juventude foi uma lição,

Um verso solto no ar,

E agora canto pra não esquecer,

Que a vida é feita de tentar.