O Jardim das Incertezas

Hoje eu acordei me sentindo mais jovem,

O espelho tentou me dizer o contrário,

Mas suas fissuras revelaram mais que rugas:

Mostraram mapas de onde estive,

E os caminhos que ainda não trilhei.

Não sou o mesmo de quando dormi,

Meu corpo, lento, carrega o peso dos anos,

Enquanto minha mente dança,

Leve, sobre as águas do tempo.

Aprendi que a carne é só um casulo,

E a essência voa além do que os olhos veem.

Hoje eu acordei sabendo mais que ontem,

Mas também sabendo que nada sei.

As certezas que eu carregava

Desmancharam-se como nuvens ao vento,

E no lugar delas, brotaram perguntas:

Flores silvestres no jardim da alma.

Cultivo minhas dúvidas com cuidado,

Rego-as com a água da curiosidade,

E deixo que cresçam livres,

Sem podar seus ramos tortos.

Elas são minhas companheiras,

Guardiãs da humildade,

E lembram-me que a sabedoria

Não está nas respostas, mas na busca.

Hoje eu acordei mais leve,

Mesmo com o peso das horas,

Porque aprendi a dançar com o desconhecido,

A abraçar o que não entendo,

E a encontrar beleza no que ainda não sei.

O espelho pode mostrar o tempo que passou,

Mas não vê o infinito que habita em mim:

Um jardim de incertezas,

Onde cada dúvida é uma estrela,

E eu, um viajante,

Navegando pelo céu da existência.