DEVANEIOS DO INFINITO

No véu étéreo da madrugada errante,

onde a mente é nau e o tempo, oceano,

dança nas sombras de um sonho distante,

eterna essência fugidia dos ciganos

Sou estrela que se desfaz em ecos e poeira

Um sopro de voz na brisa esquecida,

um deus enclausurado na própria cadeia

arqueiro cego, flecha certeira e perdida

Temo o abismo que em mim habita,

um eco surdo mudo do não-vívido

promessas feitas de alquimia extinta,

e o medo profano de nunca ter sido.

Mas eis que ergo meu próprio império,

onde o real curva-se ao nal devaneio,

sou rei de mim, senhor do meu mistério,

sou luz que rasga nuvens nas nuvens.

Sou espelho e meu reflexo difuso,

interrogação final que o tempo desfia,

vasto e finito, de um grão inconclusivo,

raro destino caminhar na mesma via.

se o impossível me sussurra o fim,

respondo contente num riso insano:

Se o sonho é prisão, sou alma em fuga,

sou dono do tempo e o próprio arcano.

Henrique Rodrigues Inhuma PI
Enviado por Henrique Rodrigues Inhuma PI em 02/03/2025
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