TRANSEUNTE DE QUIMERAS
Sou o instante que passa,
não o que agora permanece.
Sou o instante entre dois silêncios,
a dúvida nos dias que floresce.
Levo comigo as quimeras — e são tantas.
Sombras com o perfume do vento,
ilusões de outrora que me enganam,
mesmo quando, em mim, reinvento.
Na semente de passos provisórios,
poder de um futuro florescimento,
de perguntas sem abrigos,
de perguntas sem resposta,
no não saber que me encontro,
incerteza que me faz rua deserta.
Sou rascunho de caminho que me invento,
no não saber do meu próprio rumo.
A cada porto seguro que me tem,
mesmo quando, de tudo, eu me perco.