O amor e o Século XXI

 

Relação que vem sem aviso,

Fumaça doce de ilusão,

Promessa em tom indeciso,

Com gosto amargo de paixão.

 

Cuidado com o que reluz,

Nem todo brilho é sincero.

Sorriso às vezes conduz,

Ao disfarce mais austero.

 

Há ruídos por todo lado,

Na tela, na rua, no olhar —

Distrações por todo canto

Que poluem o amar.

 

Caneta e papel esquecidos,

Guardam saudade e memória.

Hoje os gestos comovidos,

Viraram relíquias da história.

 

Sentir, pra poucos, é arte.

Pra muitos, não basta, é vaidade.

Querem tudo — e de toda parte —

Mas vivem vazios da verdade.

 

Na pressa de ter o mundo,

Perdem o chão, o abrigo.

Ficam sós no vão profundo

Do afeto não correspondido.

 

Mas se for amor de verdade,

Este não some com a madrugada.

Permanece, com liberdade,

E preenche a alma sem disfarce.

 

Se durar o dia seguinte,

Sem promessas, mas inteiro —

É porque alguém, consciente,

Lutou, te buscou e

Te encontrou,

Por ser verdadeiro.

 

 

DinoNS
Enviado por DinoNS em 13/05/2025
Código do texto: T8331593
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.