ESTÁTUAS DA RAZÃO

Ó lira de ouro que o amor suspiras,

Versos de sangue em pálio transitório,

Teus acordes, ilusão efêmera,

São névoa ao vento, sonho ilusório.

Religião, colosso de mil crenças,

Arbítrio antigo em mármore sagrado,

Ocultas sob teu manto a face imensa

Da verdade, em sombras sepultado.

Política, torrente que desaba

Em frágeis diques de ambição humana,

Teus tronos são castelos de areia bruta:

Onda que quebra, mas jamais sustenta.

Mas há, entre ruínas, a clareira:

Só a educação, estátua perenal,

Ergue o pensamento à luz plena,

Autônoma chama, feita de eternal.

Não busques véus, quimeras ou bandeiras:

No livro aberto, a mente liberta.

Esculpida em letras, a alma inteira

Vence o caos, à razão asceta.

Ó forma pura, verbo que não mente,

Ciência, bastião de pedra clara:

Quem te possui, domina a própria mente,

E ao Parnaso sobe, sem muleta alheia.