CHEIRO DE SILÊNCIO

Eu gosto desse

cheiro de silêncio,

desse gosto de água

doce, que me acalma

do susto.

Eu gosto desse muro

ancião dormindo lá fora;

ele me protege de palavras

encharcadas de chuva,

quando eu escôo no tempo.

Eu gosto do meu dia, quando

penso que é noite.

Quando o dizer das coisas,

não requer desculpas, elas apenas

aglomeram-se.

Eu gosto dessa noite, que pensa

que é dia, e arregala os meus olhos

pra um infinito mais sólido.

Eu gosto desse papel, de palavras

mansas, misturando coisas:

densas, brancas e sozinhas.

Luciane Lopes
Enviado por Luciane Lopes em 04/08/2008
Código do texto: T1112988
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