Poesia Desconexa

Sei que tenho andando meio cambaleante,

Tropeçando em meu próprio caminhar,

Esquecendo de coisas que deviam ser importantes,

Não escutando o alarme do relógio tocar,

Deixando os dias passarem como páginas de uma revista,

Olhando pela janela do ônibus sem muita perspectiva,

Rabiscando qualquer palavra ao invés do meu nome,

Percebendo que descarrilei dos trilhos da vida,

Precisando de ar puro para tentar ser alguém melhor...

Sei que tenho deixado as músicas tocarem repetidamente,

Assistindo programas de TV sem compreender suas mensagens,

Surpreendendo-me com pipas voando pelas nuvens sem destino,

Com a mente ausente de responsabilidades necessárias,

Com uma certa indiferença as conseqüências de atos adiados,

Desleixando cuidados com meu reflexo no espelho,

Jogando bolinhas de papel por sob a mesa, espalhando-as pelo chão,

Andando na chuva sem pensar em gripes ou pneumonias,

Precisando de um sol que brilhe para me levar de volta a algum lugar...

Sei que tenho fechado os olhos às dificuldades para não enfrentá-las,

Tentado ignorar a dor de um corte profundo em minhas veias,

Contendo impulsos de ações guiadas por emoções incontroláveis,

Fixando a atenção e um ponto distante num espaço desconhecido,

Escrevendo poesias desconexas sem querer ser entendido,

Não desejando reunir os recortes de um inteiro em pedaços,

Protelando alterações que me trazem incômodos profundos,

Incidindo em dúvidas que me conduzem a labirintos sem saída,

Precisando de um colete salva-vidas que não me deixe afogar no nada...