Poesia urbana
As janelas dos meus olhos
contemplam outras janelas,
espanto-me com a profusão
de vidas enquadradas
enjauladas
acortinadas
gradeadas.
Cidade grande,
casas sobre casas,
sobretudo casos
caos e confusão.
As janelas de meus olhos
encerram lembranças
de tetos baixos
e ruas vazias de carros
repletas de almas
transeuntes
despreocupadas.
Minhas retinas
descerram
rapidamente
a persiana
de minhas pálpebras.
Breve momento
de reflexão
na minha escuridão
silenciosa.
Emparedo-me
em apertado quarto,
num quadro
sem paisagem,
breve passagem
de uma melancolia tardia
por um passado
tão presente
com menos janelas
a espiarem
as minhas mazelas.
Mauro Gouvêa
03/01/2010