MEU NARCISO BLOCO
 
No estúdio do meu quarto fechado,
envelheço com os ratos do porão.
Minha penumbra colorida
atravessa o espelho
e me fura os ossos.
Será poesia de assombração?
 
Tenho medo de olhar
pro fundo do meu próprio riso.
 
Minha solidão me dilacera e sufoca
como a presa fisgada na toca.
 
Meus segredos...
Conto a todos quanto queiram ouvi-los.
 
Há escuridão demais no meu ego.
Há espelho demais no meu quarto.
 
O homem está morto quando não encontra
respostas na noite.
(Pede desculpas à lua
e volta pro quarto).
 
Eu adormeço dentro do guarda-roupas
e me imagino perdido nas ruas
a inventar amigos
e a sonhar destinos.
 
Aos poucos vou me despedindo do espelho
e acomodando garrafas de vinho
Na estante do quarto.
 
Wildon (01/05/2010)