Só
Só, eu e minhas mãos vadias
procurando poemas escuros,
noites que escondam estrelas.
Só, absolutamente certa disso,
eu e meus seios fartos.
Eu e meus desejos longos.
Só, eu e minhas manias.
As orelhas quentes e vermelhas
Os pés descalços caminhando sobre
um tapete de línguas estrangeiras.
Só, eu não entendo nada sobre
estar acompanhada, me perdi sob
um lençol de densas cores amareladas.
Só, apenas uma nota!
E eu lhe garanto decifrar
a garganta que se move
nas cordas bambas desse afeto.
Só, eu não sei jogar cartas
nem advinhar destinos, menti...
Eu não sei escolher cartas de vinho
nem provar nada que não seja verdadeiro
Vindo de mim, errei o poema mais perfeito
Desenhei com nanquim o que era de giz.
Só, eu concordo...
Eu escolhi ser assim.
by Luciane Lopes