Abismo



Abismo


O sonoro canto de uma ave me despertou
A tarde cinzenta de inverno parecia que era
Um céu sem nuvens que anunciava um clamor
De uma voz sofrida que ali estava à espera.

Um sofrimento em cujo lamento eu ouvia
Uivos de medo – algo estava para acontecer
“- Meu Deus, por que o socorro não viria
Sufocar essa angústia dorida daquele ser?”

Era um abismo que se abria numa dor infinda
Céu e Terra doentes pareciam ali se entrelaçar
Quando o corpo retilíneo rompe a barreira e ainda
Reage diante daquela força estranha a se abeirar...

Na volta, o caminho denso de lembranças – despertar...
Seriam sonhos da mente escura, de pensares dormentes...
Ou era a realidade que na aresta do futuro transcendia...
Para dar vazão aos sentimentos e aos anseios intermitentes?