Escombros

Mais um ano se foi,

doze meses de silêncio infinito,

sem respostas, sem notícias,

esfumaçando-se na poeira do ar,

tornando etéreo o que sentimos,

na frieza de tua indiferença,

o endurecimento de minh'alma,

será que sentistes?

será que amastes?

talvez tenhas te tornando eu,

talvez até melhor que eu,

enganando o próprio jogador,

blefando todo o tempo,

tecendo uma teia invisível,

enlaçando-me no fel de teu desamor,

vingando-te de outrém,

sendo a espada sob minhas asas,

tirando-me o vôo de cada dia,

arrancando-me a sanidade,

deixando-me no abismo da mortalidade,

transformado nesse humano demasiado,

enlouquecido de saudades vãs,

tolo suplicante em ouvidos surdos,

enquanto passeias pela vida ignorando,

desfilando no vento de um destino longínquo,

para jamais olhar os escombros em que me deixastes...