Janela do carro

Da janela do carro,

a paisagem da cidade cinza,

cores salteadas em sinaleiras metálicas,

sons de mudança no horizonte,

nuvens anunciando tempestades,

passos apressados cruzando as faixas,

corações acelerados ouvindo seus ipods,

ignorando calor humano e respirações,

mãos balançando ao vento,

furtivos pensamentos,

perdidos sentimentos,

espio cada corrida entre carros e motos,

rostos solitários, sorrisos escassos,

almas em busca de um propósito,

acenando bandeiras para uma mudança,

gritos mudos de SOS,

tentando dar o melhor por um dia,

superando os desafios do cotidiano,

com lágrimas escapando,

enquanto fazem preces esquecidas,

e tudo o que tremula são seus reflexos no vidro,

passageiros de uma vida rápida,

na avenida de uma existência solitária,

desumana voz que canta o fim dessa história,

assoviando um mantra introspectivo,

para quem só um quarto escuro tem respostas...