Silêncio no conversível

Antes eu amava nas riquezas:

uma joia eterna num colar ao peito;

o deslumbre da carona no conversível;

as festas entre famosos em barcos

e o brilho glamoroso da tevê

contava múltiplas histórias

nas faces muitas de um diamante caro.

Mas, quando precisei da palavra

que aquece o peito e os quadris

e que molha os olhos e o sexo,

quando quis não a joia eterna,

mas a eternidade da existência

que se constrói no gesto acalento,

o homem rico não soube me dar.

Coitado... não está habituado

ao que não pode comprar:

e a palavra, poesia do amor,

que vale tanto mas é tão de graça,

ficou calada na estrada

apesar do vento nos cabelos.