Jogando dados

Na introdução desse solo de violão,

os segundos de hesitação,

uma melodia na refração,

olhando ao redor e buscando mudanças,

quando as queria dentro de mim,

quando meu coração ainda vive aprisionado,

dentro deste que sou sem ter sido,

cobrando um ser que jamais serei,

contando as horas no cronômetro,

esperando o raiar do sol na escuridão,

jogando dados comigo mesmo,

ganhando ou perdendo para a noite,

tentando esquecer um passado teimoso,

afugentando os gritos de outros tempos,

os pesadelos que me acordam às 4h,

as lágrimas que correm sem aviso,

a oração que sai em meio a descrença,

buscando sempre e de novo um reinício,

algo que me diga o meu lugar no mundo,

as raízes do meu pertencimento,

o reflexo do espelho que não retorne estranho,

tateando por um propósito entre dias comuns,

para sobreviver às boas e más experiências...