DELÍRIO

De que me vale a navalha,

Se a dor que sinto é interno.

Ressentimento não me valha,

Rigoroso, impiedoso inverno.

Recanto a adormecida noite fria,

Embasada visão torna-se turva.

Madrugada ruge sombria,

Cansado corpo que se curva.

Fina garoa branda sentida,

O canto do silêncio incessante.

Rezo as preces serem ouvidas,

Fraco, desfalecido semblante.

As horas tornaram-se meu diário,

Rasgadas folhas pelo caminho.

Rabiscado cinza, exaurido calvário,

Embriago-me do rubro doce vinho.

Sergio Braziliense
Enviado por Sergio Braziliense em 14/02/2020
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