DELÍRIO
De que me vale a navalha,
Se a dor que sinto é interno.
Ressentimento não me valha,
Rigoroso, impiedoso inverno.
Recanto a adormecida noite fria,
Embasada visão torna-se turva.
Madrugada ruge sombria,
Cansado corpo que se curva.
Fina garoa branda sentida,
O canto do silêncio incessante.
Rezo as preces serem ouvidas,
Fraco, desfalecido semblante.
As horas tornaram-se meu diário,
Rasgadas folhas pelo caminho.
Rabiscado cinza, exaurido calvário,
Embriago-me do rubro doce vinho.