Nau do mar de agora, e de onde.
Segue a nau, ao longe olho, tudo borra-se.
Se no convés, levanto a vela, vento sopra
não sei que sentido. Insisto em conduzir a
nau àlgum destino previsto, controlo tudo.
Mas quem conduz-me mesmo é o mar.
Se mar revolto, o leme solto, a vela içada,
a vaga desliza, a minha vista não alcança
terra. Se me desterra a solidão, caminho,
cambaleio no convés. A dez mil pés está
o fundo. Longe estou de ancorar.
E essa tal dessa cigana vida me angustia.
Sinto-me só. Sinto-me sem amigo algum.
Na página branca, borrada ou mal-escrita,
a pena enguiça, falta tinta e o verso torto
está.
Enquanto canto, na janela ao longe vejo
Vida. E, longe de ser pura alegria, sinto
que é falta. Escrevo agora por aquilo que
lá fora eu não vivo.
Onde estão as meninas de minha vida?
Onde estão elas? Onde a menina que se
Entusiasmou comigo? E fez de tudo pra
me ter? Onde é que está?