O CONDE DE MONTE CRISTO

Já disseram que sou estranho, que não existo,

respondi, fui no passado, o Conde de Monte Cristo,

tenho o meu viver sombriu, um tanto assombrado.

Tive na vida tantos atos bárbaros, cruéis e sujos,

e foi o que entenderam, esses novatos marujos,

quando falei da parte da saudade, do meu passado.

 

Ao me verem na pôpa,só, olhando os mares,

vulto silencioso, perambulando pelo navio,

lançando nas estrelas, monótonos olhares,

tentando ver ao longe, o que está tão vazio.

 

Sempre fui o mais quieto, entre os navegantes,

sempre preso, aos meus pensamentos distantes,

talvez lamentando, minhas alegrias roubadas.

Sempre fui na embarcação, um triste forasteiro,

como ontem me olhando,o curioso marinheiro,

ao me ver falando, com pedaços de madrugadas.

 

Sempre sozinho, para todos os lados que vou,

em silêncio, os portos do mundo irão me ver,

curtindo lembranças, que a alma não matou,

parte de outra geração, que não posso esquecer.

 

Saio dos mares, e numa guerrilha me alisto,

tentando me livrar, da memória de Monte Cristo,

mas tambem lá, lutando, matando, não tive sorte.

Não consegui esquecer minha eternas mágoas,

sempre sonhando, com o barulho das águas,

tentei, mas não pude encontrar com a morte.

 

Nunca entendí, como a mente pode ser tão cativa,

e viver pelos ermos de uma vida, só delirando,

agora deixarei como o navio, sempre a deriva,

por que para ele estou, novamente voltando.

 

 

 

 

GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 26/07/2022
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