A porta
Era escuro,
Frio impuro,
Sentada no chão,
Esperando-te na escuridão.
Olho a porta,
Minha alma que corta,
Por não saber se entras
Ou se desapareces, com pressa.
O relógio vai contando,
Os ponteiros vão descendo,
Como lágrimas que pingam
E caem em minhas divisas.
Era mais fácil ter ido embora,
Pelo mundo afora.
Não queria ser uma parede,
Mas me seguraste como rede.
As luzes se apagam,
Minhas partes desmontadas.
Deito-me, de coração,
Naquele frio do chão.
Olho para a porta,
Pensando que vais entrar.
Eram apenas batidas para assustar
Aquilo que me corta.
Entre logo,
Faço-te um abrigo,
Dou-te meu abraço
Antes de ir para o sonho.
Quero ainda ver teus olhos
E sentir tuas palavras
Antes de ir para o sonho...