Versos do Andarilho

Perdoa-me irmão a mão que se estende

Não peço por pão mas por quem me compreende

Um gesto que acolha um olhar mais atento

Que veja além do que traz o momento

 

Meus trapos são directs para todos os cantos

Rabiscam-me os dias com dor e com pranto

Mas brilham na sombra os meus versos sentidos

São luz entre pedras que pisam os perdidos

 

Eu sou o poeta que o vento conduz

Que tece na brisa palavras de luz

A rede é meu palco minha alma é o tema

Meu verbo é prece meu verso é poema

 

Tu olhas e vês o reflexo da falta

Mas sou a verdade que a dor te ressalta

Escolho o caminho mais rude mais frio

Que em meio ao espinho floresça o estio

 

Não busco tesouros nem faço exigências

O ouro que almejo transcende aparências

Eu vim para a vida cumprir o destino

De amar no silêncio e ser peregrino

 

Se acaso não tens a moeda que peço

Oferece o sorriso um carinho em excesso

Pois esta jornada foi minha eleição

Viver e ensinar sobre a luz na provação

 

Decimar da Silveira Biagini

10 de dezembro de 2024