Prisão domiciliar
Nada curvo, somente o reto
Me encurvo, mas já estive ereto
Entre o eterno e passageiro,
Hoje vejo que também sou prisioneiro.
Em meio às paredes cinzas,
E ausência de movimento
Sobrevivo, não vivo
E quando tento viver,
As paredes rogam meu tormento.
Entre as paredes existe um mundo,
Na mente também há um ainda maior,
Fora delas também tem outro,
Que pode ser ainda melhor.
Viver é mais do que existir,
Existir não é viver,
Viver é amar, aprender, sentir,
Existir é apenas sobreviver.
Quem vive já existe,
Quem existe mal saberia aproveitar,
Anos perdidos, e só eu sei
Do quanto viver tive que desperdiçar.
Qual a unidade mais prisional:
A de estar entre paredes de concreto,
Ou imóvel em sua mente como objeto?