O Eco da Saudade

Ah! Como o coração se aperta e geme,

No eco das saudades, em dores cruas,

Em cada passo que o silêncio consome,

Onde se desvanecem as almas nuas.

Ah, minha terra, onde o sol sorri,

Meus alicerces, minha fortaleza viva,

Agora distantes, no mar a ir e a vir,

Fico só, na dor que me cativa.

Minha raiz, pequenina, reluzente,

Carrega em si a história que herda,

Nos traços das estrelas valentes,

Que a dor enfrentam, que a vida desperta.

E o que se perdeu, no solo, no chão,

Naqueles que amei e que me amam,

Agora é um vago deserto, uma prisão,

Onde as palavras mudas nada clamam.

Minha tempestade, oh, minha tempestade, calada,

Em negação se veste, em fogo se esconde,

Mas não posso mais, na alma quebrada,

Seguir na dúvida que o vento responde.

E o que de bom, no coração se acende,

É o amor que brota, puro e sem fim,

No olhar da chama que em mim se entende,

Que é da minha raiz, que é do meu jardim.

Não mais me perco em guerra e rancor,

Nem busco o perdão em terra infértil,

Vou viver em paz, com o puro ardor,

E esperar que o tempo cure o que é terno.

Ah, se pudesse, as dores calar,

E em cada canto, um canto de luz,

Mas, por ora, em silêncio a me resguardar,

É o meu caminho, sem farol, sem cruz.

Ainda assim, minha alma se ergue e canta,

No profundo amor de quem vem de longe,

Com a fibra das estrelas que a dor espanta,

E no legado, o futuro que se esconde.