VERSOS DE SOLIDÃO
Não me importa o céu azul
Se não há nele uma estrela .
Não me importa o mar tão grande
Se não posso contorná - lo.
Não me importa o sorriso
Se não há pra quem sorrir .
Não me importam palavras
Se não há quem possa ouvi - las.
Ah...que vento é esse que passa
E não transmite prazer ?
Que mundo tão sem encantos
Onde o pranto é invisível
E a vida é tão discreta !
Beijar ? Não sei desse teor
Ou se li foi num poema
De um sonho que se foi ...
De que adianta luzes
Se a estrada é escura ?
De que adianta a chuva
Se não há rosas no jardim
Para molhá - las ?
Que me importa o recado
Se no muro do destino
Não há um que possa ouvir ?
Não me importa a beleza
Se não tenho espelho .
Não me importa o vinho
Se já se quebrou a taça .
Não me importa a vela
Se não há o fósforo
Pra acendê - la.
Não me importa o ritmo
Se ninguém dança .
Que sol há de brilhar numa manhã de inverno ?
Que sonho há de sorrir
Diante de uma agonia sem fim ?
Não me importa o abraço
Se não há braços .
Não me importa a xícara
Se o café se derramou .
E que me importa o amor
Se não há um coração para amar
Ou um carinho por mais que seja frágil
Para que haja alegria ?
Não me importo com nada
Porque minha estrada é o nada
E meu silêncio é tudo .
Carlos Dacheux Moura