No espelho do silêncio

Hoje, teu olhar pesa mais que o céu,

um infinito de nuvens carregadas,

tuas palavras caem como tempestade,

gota por gota, ferem minha calma.

O que houve com o brilho dos teus olhos?

Com a suavidade dos teus gestos?

Hoje és o vento que corta,

a maré que engole meus versos.

Quis fazer-te abrigo, mas foste tormenta,

quis ser tua paz, mas trouxe-me guerra.

Será que no fundo do teu cansaço

há espaço pra enxergar minha espera?

E, ainda assim, sou o porto que fica,

mesmo que a maré me arraste,

mesmo que teu silêncio grite,

sou eu quem segura o lastro da tua âncora.

Mas hoje, só hoje, te deixo no mar,

pra que sintas o vazio do meu afastar.

E talvez, ao perceber meu naufrágio,

lembres que também preciso de ar.

Maristela Cordeiro
Enviado por Maristela Cordeiro em 16/01/2025
Código do texto: T8242812
Classificação de conteúdo: seguro