Obscuro Ego
No escuro que me prendes, em vão sussurro o teu nome.
Vejo um pássaro com pena, penúria de minha dor.
Sobram restos, sombras tolas, um vendaval de ilusão.
Entre as veredas vis, tortas, de angústia peleja a alma minha.
E sufocado em lágrimas, uns degraus de pedra, atrozes.
Vezes, sob penumbra de sangue, noutra, num sono, nú e tedioso.
De teus lábios, o doce adormeceu, o amargo da falta tua, é.
No despertar de pouca morte, nem sei quem sou.
Um sóbrio em pesadelo, um louco que delira, um mero ébrio à sofrer.
No escuro que me prendes...
João Francisco da Cruz