ENTRE NÓS, O SILÊNCIO
Nos encontramos, acaso ou destino?
Na dança incerta de um tempo franzino,
teus olhos diziam o que o tempo apagou,
e o amor, tão forte, aos poucos calou.
O tempo, esse mestre cruel e sutil,
emudece a alma, faz da vida um fuzil.
Nossas verdades mudaram de tom,
o que era harmonia virou um som em vão.
A rotina, paciente, de passos lentos,
vai apagando os sentimentos,
mas ainda estamos, lado a lado,
perdidos num presente desolado.
Onde estás? Aqui, ou em devaneios?
Vazando pensamentos, cortando anseios.
O amor se agarra ao que já foi vivido,
pois o hoje é um eco do não-sentido.
Não queria esse desviar constante,
esse silêncio, esse olhar distante.
Mas apesar do peso do que já não há,
ainda estamos aqui, no mesmo lugar.
Do amor, resta a força de lembrar,
de um passado que insiste em nos abraçar.
E mesmo que a rotina nos desafie,
ainda somos nós, mesmo que só um dia.
Tião Neiva