NÃO PERTURBES A MINHA SOLIDÃO

Tu vieste perturbar minha solidão,

Vieste fazer-me suspirar em vão,

Pois que ao passo que te sinto tão próxima

Vejo-te na realidade inalcançável.

Quiseste, e o teu querer já basta,

Desejo, e o meu desejar não te importa.

E se quando a vista escurece, vejo-te na porta,

Acordo e clareia a ilusão, te afastas.

Dê-me um sorriso, um facho de olhar,

Credite tais súplicas à amizade pura,

Já que não acreditas que possa vir a te amar

Aquele que sempre caminhou pelas ruas escuras.

E se criaste, agora definas a situação,

Já que tu és o início, meio e fim de tudo.

E Deus! Eu não pedi para te amar!

Mas tinhas que perturbar minha solidão?