Estou só...
mas, não tão só
Tenho as sombras por companhia
As minhas lembranças
Saudades que vivem em mim
Acho que não estou tão só
Vejo a fumaça que se esvai,
o cheiro forte do tabaco,
meu último cigarro,
não nos deixamos a sós...
Sinto a brisa bater em meu rosto
O ruído angustiante deste silêncio
A lágrima cristalina que cai...
Relâmpago na escuridão
Não me deixam tão só...
Meus pés calejados pisam neste frio chão
E minhas mãos ?
Tremulas mãos a segurar o copo vazio
Da cachaça ardente que me fez companhia
Por instantes aquecendo meu coração.
Estas ondas inquietas, azuladas
de mar bravio ?
E esta música de sons vindos de longe?
O horizonte ao encontro do nada,
o meu eu, este vazio...
Preciso me ungir de óleos da Palestina,
servir-me das panacéias,
despachar esta tremenda dor
Ah...ser tão só, que triste sina.
Plenas, amenas alvoradas?
Onde estarão todos os que me amam?
Sei lá, sei que já senti vergonha de mim,
miserável,
o bolso vazio...
nada a oferecer, só medo e frio...
Sei, sinto que não estou só
Ouço vozes que vem das montanhas
Vejo a luz de estrelas que não deixam de brilhar
Lembro de ti, de teu sorriso
De narrativas estranhas
Sobre o bem, o mal e o paraíso.
Ah!... se eu pudesse te encontrar de novo
Sob a luz do luar
Na fofa areia da praia
a serpentear...
E a sorrir só pra mim,
Creio que não me sentiria assim...
Tão só!!!
Maurélio Machado
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