Do pingo ao Rio
Como um pingo de água em um igapó,
Era meu grito na multidão.
Não incomodava, não se notava,
Era só minha a solidão.
Passavam rostos, sombras e passos,
Correndo ao vento, sem direção.
E eu, silêncio em meio ao espaço,
Me dissolvia na imensidão.
Mas veio a chuva, veio o rio,
Trouxe seu canto, sua canção.
No seu abraço, já não sozinho,
Fui corrente, fui turbilhão.
Agora danço na água e no tempo,
Sigo os caminhos que a vida traçou.
O que era pingo, quase esquecido,
Hoje é rio que o mundo escutou.