futilidade
aqueles deixados para trás
sentam-se em silêncio contemplativo
enquanto a procissão segue seu caminho sem fim
surpreendem-se com a força dos outros
e com seus grandes olhos lacrimosos
conversam com suas sombras assombrados com a determinação
comparável à de Sísifo
com suas mãos lisas afagam a grama verde
que os cercam como última misericórdia de deus
diante da maldição que lhes foi presenteada
o céu brilha com o azul da ignorância seletiva
pois aqueles que observam nada podem produzir
nada podem amar, em nada podem ajudar
são tolerados pois até mesmo o derramamento de seu sangue
seria trabalho para ser limpado pela procissão
e esta se encontra ocupada demais com os afazeres dos ajustados
então lá permanecem, um grupo tão peculiar
com tantos talentos escondidos e desnecessários
tempo perdido em devaneios fantasiosos e falidos
mas o tempo que importa é o tempo que é dinheiro
e esse conceito escapa aos deixados para trás
já que esse é o motivo para terem sido abandonados
por eles não existe amor ou preocupação
que o vento os leve para algum outro lugar onde não possam mais
incomodar
eles não podem ser ajudados
pois a forma pela qual o homem moldou a vida
não os encaixa
então todos se calam
a confusão permanece
a ignorância impera
pois aqueles deixados para trás
se ouvidos ou acolhidos
poderiam levar todos os outros
à frente