Com ou sem você

Desvelas-me por minhas palavras,

tentas decifrar-me em jogos de versos,

intelectualizando estrofes soltas,

deixando escapar essências,

imaginando agarrar verdades,

condenando o que não vês,

achas que me conheces,

mandas-me recados,

cobrindo-se em mantos anônimos,

descreves-me como cruel,

como se pudesses ler minha alma,

tolas inflexões,

não sou seu paciente,

não és analista de meus escritos,

não és cura para minhas complexidades,

apenas perdes tempo em sua devastação,

atiras-me pedras com seu telhado de vidro,

dá-me frases desconexas,

escondes sua própria solidão,

condenado-me por suas culpas,

aguardando redenção?

Como és triste,

expondo suas brechas,

suas lágrimas ocultas,

fingindo não ser quem és,

andando em círculos,

buscando respostas,

esgrimando condenações,

perpetuando ressentimentos,

no looping eterno do tempo,

escolhendo perseguir meus passos,

para suportar suas próprias correntes,

em campos de lírios imaginários,

queres o que mais de mim?

queres o que mais de ti?

com ou sem você,

eu sigo meu caminho...