Emblemático, enigmático

Emblemático, enigmático

Como faço para enxergar no escuro?

Ver o que se esconde atrás do muro

Entender a velocidade do sangue que corre em minhas veias

Entender a aranha armando a sua teia

Os cálculos imperfeitos que nunca foram refeitos, mesmo porque nunca se achou um jeito

Um corredor estreito, onde se espreita

a falta de consciência

Relés, seres opacos, nada correlatos

Cada qual se encaminhando para seus próprios buracos

Cada vez mais o tempo se torna exíguo

A areia esvaiu-se pela ampulheta, cada segundo consome pouco a pouco uma vida tola e careta

Um sonho, um sono, o eterno abandono

Sorrisos emitidos num corpo de dublê

Disfarce permitido a quem apenas transfere o seu corpo que não quer viver

O escuro da noite, a luz do dia, o vento que açoita

O pássaro no céu, aves de mau agouro

O silêncio que é tormento, a cortina do teatro da vida

Abre e fecha, abre e fecha, mais um dia ela só fechará

Não haverá mais show, indecifrável

Emblemático, enigmático eu sou

Jonas Luiz

São Paulo, 11/01/18

Poeta Jonas Luiz
Enviado por Poeta Jonas Luiz em 12/01/2018
Código do texto: T6223694
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.