No espelho

No espelho

No espelho eu me vejo

Não falo com ele pois tenho medo

Medo que ele conte os meus segredos

Meus secretos desejos

Existe um mar, existe uma fronteira a nos separar

Existe esse mundo que eu vejo

Onde estou preso nos meus apegos

Existe uma prisão

Onde vivo meu regime de escravidão

Esse portal talvez esconda a felicidade

Mas o passaporte dessa liberdade

Não é adquirido só pela vontade

Sou escravo das minhas necessidades

Em cada espelho vejo minha imagem distorcida

Minhas mil faces escondidas

Cada uma em seus mundos particulares

Se um dia elas se encontrarem

Terão muito pra conversar

Não sei se quebro todos esses espelhos

Pra não enxergar os meus medos

Ou se começo a junta-los num único lugar

Uma maneira das minhas imagens eu controlar

Todos espelhos dessa cidade refletem meus fantasmas

Vou sair por aí jogando pedras

Jonas Luiz

São Paulo, 22/03/18

Poeta Jonas Luiz
Enviado por Poeta Jonas Luiz em 24/03/2018
Código do texto: T6289376
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