Vida

Eu te escrevo esses versos,

sem quaisquer rimas,

dedilhados em um violoncelo,

sob o sol de meio-dia,

letras de uma melodia descompassada,

suor misturado aos tremores da emoção,

sujeito de minhas jornadas,

sonhos desfeitos pelo caminho,

sorrisos tornados lágrimas de chuva,

em cada desilusão de um coração partido,

colando os cacos com a cola do tempo,

de uma vida que se multiplica em outras,

de personas que vivem vidas no plural,

sensações de singularidade na multiplicidade,

algo que talvez não entendas muito bem,

algo que talvez só vejas com lentes normais,

quando talvez precises de lentes coloridas,

viver a vida por cima das nuvens cinzas,

pular de arranha-céus sem medo,

descer de paraquedas no Central Park,

escorregando pela trilha de arco-íris,

brincando de pular o giz desenhado na calçada,

indo e vindo nas voltas da existência,

sentido ser eu, ser tu, sermos nós,

em diferenças e uníssonos,

em homogêneas misturas,

em brancas pinceladas de Polock,

apenas feche os olhos e ouça a música tocando,

notas que enviesam pelas vielas de seu coração,

Oh, sejas apenas aquela que vive a vida,

uma vida de possibilidades entre tantas...