A ÁRVORE DA VIDA

Nem todo fruto é igual ao outro,

sem manchas ou formas inconstantes;

a todo fruto diferente é pouco

o igual ao que nunca fora antes...

O risco que nem toda borracha apaga,

o corte que nem toda cicatriz some,

o barco sem porto que em onda vaga,

o prato que não sacia a mesma fome...

Ao vento cada folha não é diferente,

é igual nas diferenças quando tremula,

assim também é com toda a gente

quando vagam nessa noite escura...

Os olhos servem como periscópios à mente

que vasculha a planície de todos os animais;

ao supor igualdade vê que é muito diferente

cada barco que, rumo ao mar, sai do cais...

O engano está na sombra que a árvore dá

a quem sob ela descansa sob o sol do dia;

que não sabe que ela sabe que quem sob ela está

faz parte, como versos, da mesma humana poesia...