REVI. VENDO.

Não posso trazer o sol da manhã

Mas eu posso aproveitar o pôr do sol

Por isso eu deixei o velho hábito

E tirei de sobre os ombros o peso da sombra da noite

Desarmando o revólver do medo

E sepultando todas as minhas distrações.

O porto que ancorava minhas mágoas

Soterrei com a poeira dos pés

Ouvi um barulho vindo lá do fundo

Como o eco de um pescador desesperado

Não olhei se quer quem era

Pois do abismo que quase caí

Não tenho prazer em torná-lo.

Contudo, ainda brinco na chuva

Aproveito apenas o que cai sobre mim

E antes que o resto caia ao chão

Danço pra não ser atingido pelos respingos

Afinal, o que a água retira

Só interessa ao seu destino

Porque sou apenas o início

Não conheço sobre o fim.

SantosRine
Enviado por SantosRine em 16/05/2019
Código do texto: T6648663
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