inóspito

Os tempos mudaram, talvez

e são, Elis, os mesmos que virão.

Palavra negada, respiração queimada

por quem troca os fatos pela própria razão.

Calma garoto, o mundo também chora

pois sua doce liberdade da boca foi tirada.

Agora sentimos o amargo gosto

das escolhas, por nossos pais não termos escutado.

Criatura, o pássaro voa não por ter asas.

Por não saber usá-las é que os homens rastejam

feito animais tomados como presa fácil

por predadores, que rindo deles, festejam.

Recolhe teus restos, o que não foi usado

nem usurpado pela tua sobrevivência aqui.

O nosso momento foi hoje e não alteramos

ainda o passado nem o que está por vir.