METAMORFOSE

Urge

Exorcizar minha lucidez

Desterrar a sensatez

Impor ostracismo ao bom senso

Condenar ao exílio toda forma de prudência.

Necessário se faz expulsar-me de mim mesmo

Renovar-me em algumas transgressões

Seduzir-me pelas melhoras loucuras

Aquelas mais inconfessáveis

Que gazeteiam as sessões psiquiátricas

Para escandalizar os sacerdotes nos confessionários

Estou carente de alguns despropósitos

Daqueles que tornam dignos

Os sonhos revolucionários

Das madrugadas mais inquietantes.

O tempo está se adiantando muito

Ele sabe subornar os protocolos

E me convida de quando vez

Para eu experimentar alguma subversão

Mas impacienta-se tão rápido

Pois nunca se habitua a esperar pelas minhas hesitações,

Contumazes frequentadoras das alcovas

Onde os meus medos se aboletaram

E extraviaram a chave.

Por isso,

Preciso, a qualquer custo, ser a metamorfose

Daquilo que me transforma

Naquilo que nunca soube ser:

Em alguma forma nova de existir

Em alguma fórmula nova, um elixir

Para ser mais do que o enfadonho subsistir

Para ser feliz e assim poder voltar a sorrir!

Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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