Vida breve...
Aceitamos tudo quando queremos algo
E o coração acompanha o desejo
Permitindo que feridas sejam abertas
Desejando que haja palpitações apaixonadas
E não é nada demais ver que o mundo padece
Todos de alguma forma tem o mesmo desejo
A opção de ter sentimentos é necessária
Quem não sofre na vida, não está vivo
Não sabe o quanto é importante arriscar
Recuar diante do terror de sofrer é covardia
Permita-se ficar triste, sofrer tem algum sentido
A poesia entende a dor e até precisa dela
O que não precisamos agora é do distanciamento
Alguns não se conformam em dividir sentimentos
E sofrem mais que o necessário, eu sei...
A única exclusividade da vida é a morte
Apesar de todos terem a sua hora final
É algo que não podemos compartilhar com ninguém
Morremos sozinhos, geralmente nascemos sozinhos
Há coisas que não dependem de nossa aceitação
Já por outro lado, podemos nos permitir sofrer por amor
Sem maniqueísmos, amar não é bom e nem mau
É uma condição que impomos quase sempre a nós mesmos
Claro que alguns tratam o amor de forma possessiva
Esses sofrem mais e é uma escolha, eu sei...
Dor, solidão, raiva e terror são coisas tão humanas
Não precisamos ter vergonha disso tudo
Se iludir com a eternidade das coisas para que?
Mas permitiremos essa ilusão também
Não nos cabe podar nenhuma forma de sentimento
O coração é sim levado pelo desejo primal
Tem necessidade da satisfação da carne
Se apega aos gostos, cheiros e aos dissabores do corpo
Se apega ao tesão, ao toque, aos fluidos e a luxúria
Alguns até se apegam as memórias e ao luto
Cultuando as vezes seres que insistiam em não viver
Só não podemos recuar diante da possibilidade de sofrimento
Em todos os momentos corremos o risco da dor
E a cor que permeia esse mundo extremamente físico
É a cor da dor do sentir e por acaso minto?
Driblar a metafisica é algo de certa forma impensável
Mas me dou o direito de sofrer pela descrença
Imponderável é a natureza humana em seus desejos
E por isso permito-me sofrer, sem rancor, sem submissão...