O Menino que Sou


Batida do coração,
o sangue esvai como água de riacho.
As imagens multiplicam-se.
Não vejo o mundo,
senão a mim mesmo...
Grito por meus vários silêncios.
E calado ouço sons oníricos...
Divago, encontro almas no vazio.
Só estou comigo, viajo para a lua.
Não a lua satélite, mas a lua poetisa.
Vago pelo perfume da noite.
No frio da brisa sopro palavras quentes.
Em meu calor oculto, o meu frio.
E dividido em pedaços, me faço todo,
pois não procuro, já que tudo é encontro.
Letras, palavras, os versos se formam.
Rio das minhas lágrimas.
Choro do meu mais puro sorriso.
Estou convicto dos segredos.
Guardo mais mistérios que eu sei.
Viajante solitário, não preciso de asas.
Já nem sei se preciso de algo.
E o coração bate forte,
e o cérebro se agita.
E os olhos veem eu mesmo.
Brinco como o menino que fui.
Distante do mundo, distante de todos,
e muito perto de tudo...
E por não me conhecer tanto,
um dia haverei de ter certezas,
que no minuto seguinte desprezarei,
pois pouco me importo.
Pois que me chamam,
e eu não ouço, não quero ouvir.
Apenas caminho por meus próprios passos.
Não clamo por liberdade,
pois no fundo sei que a tenho.
Não preciso sonhar,
pois vivo em ser o próprio sonho.
Brinco de esconder
e nunca me acho.
Rio de mim, rio para todos.
Oro por mim, oro por todos...
E me devolvem um fugaz sorriso,
e eu apenas brinco de ser.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 18/01/2020
Reeditado em 18/01/2020
Código do texto: T6844790
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