Na avenida 7

Uma mão foi estendida

Do alto avistava as digitais

Elas nos levavam aos olhos em banho-maria

Uma alma segurando o coração escandaloso

E as lágrimas tropeçaram por bisbilhotar

Para cada um que passava esta mão mostrava

O que te levou a movimentar-se

Para a moça de trança, uma aliança

O menino sem dente, um hambúrguer

Para a senhorinha, a chave da casa

Para o senhor magrelo, um caminhão

Para o cachorro, um pedaço de pão

Para o ocupado, o relógio com tempo

Para a curandeira, um doente transcendental

Para o jardineiro, sementes celestiais

Para a moça mais linda, o coração

E esta mão estendida sofria, tremia, ela entregava sua fome de tudo

Exagerou alimentando-se do que ficou

Mãos vazias estendidas

Entregando a alma pelo filho

Rezando pela primeira vez com ardor

Tudo termina aonde começou

Mãos estendidas desaba

Já não querem de volta

O que por descuido sobrevive na esquinóia

Adriane Neves
Enviado por Adriane Neves em 03/01/2021
Reeditado em 03/01/2021
Código do texto: T7150806
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