ADEUS, ÍCARO, HÁ DEUS!

Era quase um sonho...

Um delírio crescente que me alentava,

Com a doçura dos favos moldei minhas asas,

Com as penas que implorei

Não usurparia ser um anjo,

Nem um pássaro,

Mas... humildemente... imitá-los...

Muitos espinhos haviam ali,

Cresceram nos escombros das paixões que nunca morreram.

Cacos...

Correntes...

Fantasmas de amores...

Assombrações...

Jamais esquecidas...

Montanhas que me perfaziam,

Me transpassavam.

Sentiam prazer com meu cativeiro,

Sua loucura sobre mim onipotente,

Tinham um único desejo:

Me manter vivo...

No meio da noite não murmurei,

Fechei os olhos...

Vi a esperança.

E do labirinto corri para o sol,

Tendo como testemunha a linda alvorada.

A beira do abismo havia o vazio,

E no imenso infinito eu vi Deus!

Com Ele não havia anjos... Apenas eu, Ícaro.

Guaraci Pachú
Enviado por Guaraci Pachú em 25/10/2021
Reeditado em 03/05/2023
Código do texto: T7371294
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