Discurso para o fim do ano de 2021

Como se entre o céu da boca e o palato não

existisse nada, há silêncio dizendo o corpo

negado pela permanência da eternidade

numa praça vazia sem a estátua monumento.

Silêncio do depois submetido ainda ao antes,

ainda um jardim de plantinhas rasteiras verde-

roxas. Como se se fechasse um círculo da vida

agora em auréola cósmica mais hirta nunca.

E você está livre para desnublar com chuva

o céu presente e futuro. Ou seja, caravelas

movidas apenas pelo sopro túrgido e limpo,

como se fosse língua em movimento anterior

à palavra, daí a rotina de mais um fim de ano,

necessária de ser incorporada ao vindouro.

Coração da cor da pele tradutor do discurso

prenhe de tantas coisas belas e entendidas.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 06/12/2021
Código do texto: T7401394
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