Discurso para o fim do ano de 2021
Como se entre o céu da boca e o palato não
existisse nada, há silêncio dizendo o corpo
negado pela permanência da eternidade
numa praça vazia sem a estátua monumento.
Silêncio do depois submetido ainda ao antes,
ainda um jardim de plantinhas rasteiras verde-
roxas. Como se se fechasse um círculo da vida
agora em auréola cósmica mais hirta nunca.
E você está livre para desnublar com chuva
o céu presente e futuro. Ou seja, caravelas
movidas apenas pelo sopro túrgido e limpo,
como se fosse língua em movimento anterior
à palavra, daí a rotina de mais um fim de ano,
necessária de ser incorporada ao vindouro.
Coração da cor da pele tradutor do discurso
prenhe de tantas coisas belas e entendidas.