Espeleologia da alma

Adentrando pela escuridão da entranha

ouço sussurros dos recônditos tristes

em ecos longínquos de voz estranha

na memória de que a caverna existe

Intocada gruta de abismo essencial

inacessível ao intrépido desbravador

Imanência de meu tesouro ancestral

que venero tal qual o sol ama o ardor

Pontiagudo silêncio das estalactites

pendendo sobre a majestosa caverna

cujo horizonte não vislumbrou limite

da treva maior na realidade externa

Fugirei apenas desacompanhada

de um corpo soturno, úmido e frio

rumo aos céus de uma alvorada

em feliz vento de advento juvenil

Saudosa vida, lembranças deixei

Espírito altivo que no âmago vive

em sua última melodia, descansei

e despertei radiante em ânima livre

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 20/04/2022
Código do texto: T7499227
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