A Realidade Desmancha Tudo Que É Sólido

Veio a mudança, a transição,

Virou a mesa, alterou o curso das marés,

Sem aviso, de repente, desmanchou o que

Era sólido e levou o que era meu. 

Foi difícil a aceitação, mas entendi.

Vi em seu todo a alteração da realidade,

As casas mudarem de donos,

Pessoas alteraram seus postos,

As pedras gastas se refizeram em problemas,

Os cursos dos acontecimentos mudaram,

Os tesouros vencidos, tiveram outros rumos.

Apesar de sempre tentar alterar a realidade,

Chutar a podridão do planeta, aceitei.

O mundo não escuta, age, desfaz, refaz, 

Em constante dialética, como lhe convém. 

Perplexo, parei, raciocinei, olhei, esperei

O sentido do curso das coisas.

O oceano segue, mesmo que se pise na areia.

As ondas passam, indiferentes ao meu apego, 

A saudade que pesa, o desânimo que insiste. 

Resistir a tudo isso, sangra, incute derrota.

O que é agora, logo não será. 

O que parece firme, sólido firmamento,

Duradouro apoio, uma hora apodrece, se esvai. 

Nada para sempre me pertence, nem o que amo,

Nem o que temo, nem o que possuo.

O tempo tudo molda, transforma, corrói, ceifa.

Nesse incêndio de novidades, nos obriga

A seguir, apenas caminhar e ser sóbrio. 

E, nessa travessia, aprendo o ofício mais duro: 

Não exigir que a realidade me obedeça, 

Mas adaptar aos seus caprichos e sentenças.

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 24/05/2025
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