o amor das coisas

te procuro com sede,

insone e descalço

pelas imensas madrugadas

de luzes escancaradas

que flutuam

na direção do tiro

do hiato ocasional

às beiradas do tempo

e da conjuntura astrológica

dos afetos mal-cozidos

fogo brando

aquece a angústia

no peito latino

inadvertido do perigo

da solidão

num sopro, num grito

dissonante

pontilhado pela aridez

branca e gelida

dos aparelhos domésticos

inanimados

o uivo que dissolve

em espanto as camadas

e camadas

de noites que virão

de te buscar e te perder

no gesto insinuoso

das curvas da minha geladeira

Vini Miranda
Enviado por Vini Miranda em 20/06/2017
Código do texto: T6032150
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