MORO EM MARTE.
Acho que moro em Marte
Ou quem sabe, em parte
Fico pensando que meu mundo não se vê
Numa telinha de TV
Ou quem sabe sou burro
Como um coxinha há de querer
Surdo, cego e mudo
Não sei qual a direção
Dos dedos da minha mão
Quiçá para onde aponta meu nariz
Vivo no mundo por um triz
De sermos o que não somos
Crescimento econômico
Emprego aparecendo
Pimbão pseudo crescendo
Serei um palhaço crônico
Um lunático
Que nada ando percebendo
Do vai e vem tatico
Do jaburo acontecendo
Pois meu mundo é outro
Onde aluguéis se multiplicam
Roubalheira e propinas a souto
Não vejo ninguém empregado
Muito pelo contrário
Vejo amigos despedidos
De empregos conquistados
Anos passados
Pessoas vendendo coisas
Brechós para todo lado
Uma ruma de desocupados
Agora perdidos
Que nessa engrenagem não cabe
Que não voltam mais
Ou não, quem sabe
O trabalho vença satanás.
MORRO EM MARTE
Fred Coelho/2017