SENTADO SÓ Á BEIRA DO CAMINHO

às vezes,

o que sobra de nós

são apenas as sobras, mesmo,

deixamos nossos pedaços

espalhados por onde passamos,

e os deixamos

em carne viva,

e pelo caminho

nossa pele tem a cor do pó da estrada,

às vezes, manchada,

misturada aos rejeitos químicos

das grandes fábricas

e na encruzilhada da vida

não nos resta saída:

ou é pra cima

ou é pra baixo

ou é o que eu acho:

nada, simplesmente nada além do pó

pois que, no varal das almas

somos panos velhos, trapos em fiapos,

quarando no sol das amarguras

e na quentura dos tempos

suamos,

gotejando partículas de sangue

misturadas às nossas lágrimas,

quem dera chorássemos na chuva

e disfarçaríamos, então, nossas lágrimas

com os pingos d'água.

Ele disse que viria,

um dia,

um dia desses qualquer

mas se demorar mais um pouco

o que restar de nós

mal dará para fazer

a sombra de um homem!

Jonas De Antino
Enviado por Jonas De Antino em 11/02/2019
Código do texto: T6572200
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