SENTADO SÓ Á BEIRA DO CAMINHO
às vezes,
o que sobra de nós
são apenas as sobras, mesmo,
deixamos nossos pedaços
espalhados por onde passamos,
e os deixamos
em carne viva,
e pelo caminho
nossa pele tem a cor do pó da estrada,
às vezes, manchada,
misturada aos rejeitos químicos
das grandes fábricas
e na encruzilhada da vida
não nos resta saída:
ou é pra cima
ou é pra baixo
ou é o que eu acho:
nada, simplesmente nada além do pó
pois que, no varal das almas
somos panos velhos, trapos em fiapos,
quarando no sol das amarguras
e na quentura dos tempos
suamos,
gotejando partículas de sangue
misturadas às nossas lágrimas,
quem dera chorássemos na chuva
e disfarçaríamos, então, nossas lágrimas
com os pingos d'água.
Ele disse que viria,
um dia,
um dia desses qualquer
mas se demorar mais um pouco
o que restar de nós
mal dará para fazer
a sombra de um homem!